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domingo, 5 de dezembro de 2010

O Pacto - Joe Hill

O demônio sempre é pintado como um ser astuto, calculista e despreocupado com as emoções humanas, pronto para te sacanear no momento em que você firmar algum acordo com ele. Geralmente, é um ser que se apresenta com a coloração de pele avermelhada, cavanhaque enrolado no queixo, um tridente em mãos e cheiro de enxofre ao seu redor.

E, é claro, os chifres.

Em seu segundo romance, “O Pacto” (péssima tradução, por sinal, de um livro originalmente entitulado “Horns” – ‘chifres’ ou ‘cornos’, em uma tradução livre), Joe Hill nos apresenta a Ignatius Perrish, um cara que sempre tentou viver sua vida dentro das regras. Tudo estava muito bem, obrigado, até o dia em que a namorada de Ig, Merrin, é estuprada e assassinada e ele passa a ser considerado o principal suspeito do crime. Por ser de uma família abastada e contando com a ajuda do irmão – um famoso apresentador de TV –, Ig consegue se livrar das acusações da polícia, mas não da desconfiança de todos aqueles que o cercam.

Um ano se passa e Ig resolve comemorar o aniversário de morte de Merrin bebendo como um gambá e indo até o pequeno memorial criado no local em que ela morreu. Depois de mijar sobre a imagem de uma santa e fazer mais algumas coisas das quais não se lembra, Ig acorda no dia seguinte com uma dor de cabeça infernal e o que parece ser um par de chifres em sua testa. Ao olhar-se no espelho, Ig se intriga: como diabos aqueles chifres foram parar ali?

Toda a dúvida parece ficar em segundo plano quando o rapaz descobre para que servem aqueles chifres: quando as pessoas estão sob a influência dos cornos, deixam todas as suas inibições de lado e começam a contar detalhes sórdidos de suas vidas, bem como seus desejos mais íntimos e suas facetas mais surpreendentes, como se estivessem conversando com um demônio particular e pedindo orientação sobre qual seria a forma mais correta de agir. Quando vemos um personagem sofrer esse tipo de influência, que se alterna entre um estado momentâneo de hipnose e um momento de entrega total de sua natureza humana mais crua e visceral, não podemos deixar de nos identificar com toda a sinceridade dos discursos, toda a crueldade implícita nas palavras, no ser humano livre de suas amarras sociais e de sua autocensura, um pouco como nós mesmos e todos aqueles pré-conceitos que parecem já vir impregnados em nossa natureza humana. Incrível.

O texto de Joe Hill se alterna entre diversos pontos de vista: temos a história presente de Ig, mostrando a evolução gradual de seus chifres, dos poderes que eles carregam e a forma com a qual ele se utiliza deles para ajudá-lo a desvendar o mistério que cerca o assassinato de Merrin; o ponto de vista do passado, mostrando como Ig e Merrin se conheceram e como Ig veio a se tornar melhor amigo de Lee Torneau, um garoto com um sério problema para achar graça em piadas ou fazê-las usando a entonação correta, que mais tarde acaba por se tornar um importante político local. Todo o texto casa muito bem com o desenrolar da história: Joe Hill consegue manter o suspense até os últimos momentos, fazendo com que seguremos o fôlego enquanto lemos páginas e mais páginas de ação acontecendo, mistérios sendo desvendados e cenas belíssimas que parecem passar por nossos olhos como um filme muito bem executado.

Tentei encontrar algum defeito em ‘O Pacto’, mas além da inexistência desse tal pacto – é, não tem pacto nenhum -, não achei nada que pudesse apontar como defeito de narrativa (tem uns errinhos de digitação, mas não são relevantes). Comparando este livro com o primeiro do autor, ‘A Estrada da Noite’, percebemos com clareza o amadurecimento de Joe Hill como autor e construtor de personagens. Ignatius Perrish é um ser complexo, em busca de justiça por um crime que não cometeu, uma criatura inocente que demora para perceber que as pessoas não são exatamente o que parecem a partir do momento em que contam o que realmente pensam sobre suas vidas e quais são os seus verdadeiros desejos.

O release do livro diz que, além de divertir, o romance nos leva a refletir sobre nossos conceitos maniqueístas de bem e mal, Deus e demônio, certo e errado, etc. E ele cumpre o que promete. Ig vai se transformando, pouco a pouco, na personificação do demônio – com direito a tridente, cobras rastejando ao seu redor e tudo mais – mas, por incrível que pareça, não é o vilão da história. Seus poderes ajudam-no a descobrir verdades inconvenientes e segredos enterrados nas profundezas da consciência, fazendo-nos pensar que o rapaz – o demônio, em carne, ossos e chifres – é o mais justo, inocente e menos pecador dentre os humanos. Um paradoxo, no mínimo.

O segundo livro de Joe Hill o consolida como um dos melhores autores de terror na literatura atual. O cara é bom, não há dúvidas disso. E seu segundo romance pode ser resumido em uma indagação que Ignatius Perrish se faz durante uma das passagens mais sombrias e arrepiantes da história: se Deus não aceita os pecadores no paraíso e a função do demônio é a de punir tais pecadores, então os dois devem estar jogando no mesmo time. Faz ou não faz sentido? É algo a se pensar.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Passagem - Justin Cronin

De uns tempos para cá, o mercado editorial de ficção especulativa (que engloba fantasia, ficção científica, terror e outras ótimas bizarrices) vêm crescendo de uma forma assustadoramente boa. Grande parte desses lançamentos tem um público-alvo específico: geralmente jovens, dos seus doze aos dezesseis anos, que ainda estão se acostumando com a literatura e querem ver coisas que despertem o seu interesse imediato. Aí entram vampiros que se apaixonam, manuais de sobrevivência para se adequar a um mundo de zumbis, escolas de bruxos, anjos versus demônios, etc, etc e etc.

No meio de todos esses livros com adolescentes cheias de amor pra dar e hormônios a flor da pele, talvez o livro ‘A Passagem’ tenha passado despercebido. Não sei exatamente por qual motivo não se falou muito sobre esse lançamento. Talvez seja sua capa, que mais parece uma continuação do livro ‘A Cabana’ do que qualquer outra coisa; ou quem sabe a sua tímida divulgação por parte da editora Sextante; ou ainda por não se adequar exatamente a esse mercado adolescente que já mencionei.

O livro tem tudo para fazer sucesso: um enredo interessante, comentários positivos de autores consagrados – como a recomendação do mestre do terror Stephen King logo na quarta capa do livro – e um texto fluido e cativante logo nas primeiras páginas.

Vamos a ele: “A Passagem” (Editora Sextante, 2010, 815p.) se passa em um universo pós-apocalíptico, onde um grupo de sobreviventes tenta conviver em harmonia com um mundo hostil e infestado de vampiros.

É isso o que diz a sinopse, mas essa é apenas a segunda parte dessa história. O livro, na verdade, começa de modo tímido e suave, desconstruindo um pouco a ação e a velocidade que a sinopse promete. Logo nas primeiras páginas, somos apresentados à garotinha Amy, a Garota de Lugar Nenhum, Aquela Que Surgiu, A Primeira, Última e Única, a que viveu mil anos (e não se preocupem que nada disso é spoiler, pois está logo no primeiro parágrafo do livro). Amy é uma menina rodeada de mistérios que logo se vê transformada na décima terceira e última cobaia de um projeto governamental denominado Projeto Noé, que consiste em analisar o comportamento de um vírus que, a princípio, trataria doenças e serviria como ‘fonte da juventude’ para a humanidade. Para esse propósito, doze criminosos no corredor da morte (e Amy) são destacados para servirem de cobaias humanas. O vírus dá longevidade anormal, resistência a doenças, força e inteligência acima da média, mas possui efeitos colaterais, tais como hipersensibilidade a luz e um único ponto fraco localizado logo abaixo do esterno.

Aí acontece o que todo mundo espera que aconteça: dá merda. As cobaias escapam e se espalham pelo globo, fazendo aquilo que mais gostam: caçar e infectar outros humanos. Pouco a pouco, Amy, na companhia do agente do FBI Wolgast, vê o mundo se transformar em um lugar perigoso e hostil à sobrevivência humana.

Só então chegamos à segunda parte do livro (e lá se vão umas 300 ou 400 páginas): passam-se uma centena de anos e somos apresentados a uma colônia humana perdida no meio do nada, protegida por muros e eletricidade precária, prontas a atirar em qualquer vampiro que passe de certo ponto. Ou, como eles mesmo dizem quando se referem às criaturas, ‘virais’, ‘saltadores’ ou ‘fumaças’. As denominações são variadas.

Mas paro de falar no enredo por aqui para não estragar possíveis surpresas. Prefiro me ater ao que realmente interessa: afinal, ‘A Passagem’ é um livro de qualidade? Merece ser lido? É original?

Como os últimos serão os primeiros, vamos tratar primeiro da originalidade da trama: aos meus olhos pouco treinados, a sinopse me pareceu uma cópia em xilogravura de Resident Evil: a Umbrella Corporation o governo faz um experimento com um T-vírus vírus, ele foge ao controle e cria uma horda de zumbis vampiros sanguinários e sedentos por alimento. Uma garota chamada Alice Amy, no entanto, mantém todas as vantagens e poucas desvantagens de ser infectada.

(o parágrafo acima foi feito com base nos filmes pela total inabilidade deste que vos fala em jogar algum jogo de zumbis até o fim)

Apesar da falta de originalidade evidente, o livro, como já comentei, possui uma escrita agradável e fácil, daquelas que o leitor pega e só larga quando os olhos não aguentam mais ler. E grande parte desse cativo se dá por conta dos personagens: eles sim são cuidadosamente construídos e muito bem guiados pelo autor. Apesar de alguns servirem de figuração e serem mero gado de saltadores, os principais estão ali, com seus dramas e suas dúvidas, suas imersões e suas reflexões sobre o futuro, seus medos com o que está do outro lado do muro e de até quando conseguirão sobreviver sob aquelas condições precárias.

Se você está procurando um livro que mude a sua vida e seja uma primazia de originalidade, talvez “A Passagem” te decepcione um pouco. Mas se você quer ler para se distrair, se empolgar com uns tiros e uns bons sustos literários, vale muito a pena desembolsar uma graninha por ele.

P.S. Aos cinéfilos de plantão, fiquem ligados na cena em que o grupo assiste ao filme ‘Drácula’, de Ted Browning. Por ser o único filme disponível no acervo, o grupo que o assiste repete cada fala de cor, de começo rindo e levando pouco a sério, mas pouco a pouco imergindo no filme até que todos o estejam contemplando de forma total e absoluta. Uma das melhores cenas do livro, certamente.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Neon Azul – Eric Novello

Seja benvindo ao Neon Azul. Qual é o seu desejo?

“Neon Azul” (Editora Draco, 166 p.) é o mais novo lançamento do autor carioca Eric Novello. Lançamento bastante aguardado por mim, devo confessar. Em primeiro lugar, por se tratar de um romance de fantasia urbana, gênero ainda tão pouco difundido nos livros de literatura nacional; em segundo, pelo tema envolvente e pela atmosfera sedutora que o livro, desde antes do seu lançamento, criou.

Deixe-me explicar: Neon Azul é o nome de um clube, boate, inferninho ou bar (escolha um dos substantivos ou use-os todos de uma vez, não faz tanta diferença assim) localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro. Um lugar onde os desejos mais íntimos e particulares afloram de forma perturbadora, no convívio com notas de piano e drinks luminescentes. Entre as figuras frequentadoras do bar, encontramos um homem que nunca dorme, um advogado com um boneco de estimação dentro de uma garrafa e um mendigo com um passado bastante intrigante. E como figura principal temos ‘O Homem’, criatura incógnita de chapéu panamá e anéis nos dedos, sempre com uma proposta irrecusável para os seus clientes.

É nesse clima de fumaça de cigarros, reflexos de espelhos e néon azulado que somos apresentados aos dez contos do livro. Neles, os personagens e as histórias se cruzam de forma não-cronológica, deixando o leitor confortavelmente confuso. O formato fix up torna tudo ainda mais interessante: é um livro sem início ou fim, que pode ser lido em qualquer ordem sem que sua essência seja perdida.

“Neon Azul” não é nem de perto um livro feliz. Os personagens são pessoas que apanharam da vida e estão sem rumo, perdidas por entre lágrimas e solidão. E essa ausência de chão, de ter algum lugar em que se firmar, é assustadoramente real e – acredito – compatível com o que muitas pessoas sentem. O Neon Azul é a fuga da tristeza, a alternativa para aqueles que estão cansados de se sentirem sós, e ‘O Homem’ é o objeto materializador desses anseios e desejos. No entanto, tal qual um agiota, ele sempre cobra juros altíssimos por seus empréstimos de felicidade momentânea.

A fantasia se apresenta de forma muito sutil em “Neon Azul”. Não sabemos se ela de fato existe ou se é mera especulação dos personagens, produto de suas mentes e de seus delírios. Essa sensação suspensa de dúvida, de não saber exatamente o que ou como as coisas acontecem, torna a história mais atraente. O autor não desafia a inteligência do leitor com explicações minuciosas sobre os acontecimentos; prefere, ao invés disso, deixar que cada um tire uma conclusão e uma interpretação própria.

Outra coisa que adorei no livro foram as referências, que vão desde Charles Chaplin e Orson Welles até Massive Attack e Jay Vaquer. Eric sabe colocar as suas influências cinematográficas, musicais e artísticas no lugar certo. Quem não ficou com ‘Só tinha que ser com você’ retumbando na cabeça depois de ler a história de Jéssica? Eu fiquei.

E a Editora Draco, como sempre, dá um show na produção editorial – e eu não vou me cansar de dizer isso. A capa está maravilhosa e a apresentação dos contos também. É quase como se você pudesse ver as luzes em néon se acendendo depois daquela piscadela e daquele barulho da corrente elétrica atravessando os fios.

“Neon Azul” é um livro que não deve ser lido apenas uma vez. É cheio de paixões, amores e desastres e, apesar da solidão e da amargura que os personagens sentem, é daqueles que você não consegue parar de ler até que chegue ao fim.

E aí reside outro grande problema: o livro não tem fim nem começo. Posso, então, dizer que cheguei ao fim?

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Anacrônicas - Ana Cristina Rodrigues

Ir ao Fantasticon 2010 foi uma das melhores coisas que pude fazer esse ano. Esse pequeno fim de semana na seca e poluída cidade de São Paulo me fez conhecer muita gente que antes era apenas uma janelinha de MSN ou uma carapaça de aparente mau humor e ironia. Saímos, conversamos, nos conhecemos melhor e eu me diverti como não fazia há MUITO tempo. E, nesse meio tempo, comprei muitos livros – mais do que o meu cartão de crédito podia aguentar.

No entanto, o livro Anacrônicas (Editora A1, 90p.) não foi comprado junto com o montante da Fantasticon. Ele foi comprado há muito tempo atrás, mas, por incompetência dos nossos honoráveis correios, nunca chegou em minha residência pelas mãos de um carteiro. Tive que esperar um tempo considerável para tê-lo em mãos e, só depois de conhecer a Ana Cristina Rodrigues pessoalmente, é que o tenho dedicado e autografado, e posso finalmente emitir a minha opinião sobre os pequenos escritos – mesmo que muitos já o tenham feito antes de mim (e provavelmente melhor).

Antes de tudo, um parêntese sobre o trabalho editorial do livro: ele é lindo. A capa e as ilustrações internas, desenhadas pelo quadrinista e marido Estevão Ribeiro, são um deleite aos olhos. Como não se apaixonar pelo coelho indo lentamente embora e imprimindo suas pegadas no chão no conto “O mapa para a Terra das Fadas”? Ou com a pose mista de força e ternura de Liliane no conto “A Dama de Shalott”? Sem contar com as outras figuras, entre dados, coelhos, relógios e repórteres de jornal.

Outro parêntese: talvez por ter sido um livro feito longe de uma editora grande e de um editor responsável por não ter outra preocupação a não ser vendê-lo, Anacrônicas se torna um relato bastante particular. Seja nos contos pessimistas ou nos alegres, a personalidade da autora consegue se imprimir em cada um deles. Historiadora, mãe, irônica, feliz, triste, mulher. Tudo se junta numa pequena mas significativa quantidade de páginas.

Parênteses feitos, vamos aos contos.

***

É Tarde!

Abrindo a antologia de pequenos contos mágicos, uma história singela e simples, com um ritmo assustadoramente rápido e nostalgicamente delicioso. Em menos de uma página, somos apresentados aos personagens mais significativos do País das Maravilhas e nos enveredamos pela corrida do coelho branco. Com um final um tanto quanto... bem, leiam!

Chiaroscuro

Um conto fluido, com um título interessantíssimo e uma história ainda mais interessante. O jogo de cores e contrastes se mostra bastante presente aqui. O conto mais parece uma obra de arte que ora tende ao chiaro e ora tende ao ‘scuro. Ideia sensacional!

A Princesa de Toda a Dor

Triste e lírico. Daqueles contos que te deixam com um gostinho de fel na boca, com uma vontade de interferir na vida das personagens e de mudar o destino que a autora deu a eles.

O Último Soneto

Igualmente triste, fala sobre a obsessão por um ideal. Me identifiquei absurdamente com esse conto: a agonia, o tédio, o raciocínio, a apreensão, tudo em prol de uma única obra – no caso, o soneto.

A Casa do Escuro Azul

Um conto que facilmente poderia se tornar uma coisa maior. Um romance, uma trilogia, uma saga. A ideia é ótima: após a Guerra Final, um grupo denominado Escudo Azul fica responsável por buscar no planeta grandes obras de arte da humanidade. Algumas coisas me pareceram um pouco inverossímeis, como “portões sempre abertos, pois não há necessidade de se temer depredações” (sic). Não confio muito nos humanos, antes ou depois de uma Guerra Final.

E o final... ah, que final bem sacado!

Vida na Estante

Menor conto do livro, e meu preferido. Demonstra que as traças são muito mais racionais que alguns seres humanos: às vezes um best-seller é mais delicioso e agradável ao paladar do que um grande clássico envolto em formol e erudição.

Os olhos de Joana

A pesquisa histórica desse conto é invejável, mas ele não entra na minha lista de preferidos. Apesar de não se mostrar confuso, o conto não me absorveu como leitor. Talvez sejam o excesso de nomes, talvez a história de Joana D’Arc não me empolgue muito. Acho que é mais questão de opinião, sabe.

O Senhor do Tempo

Outro pequeno e pessimista conto. Mas extremamente verdadeiro. Nem mesmo Deus acerta todos os chutes, não é mesmo?

Deus embaralha, o Destino corta

Falar sobre felicidade não é das tarefas mais fáceis, mas você se saiu muito bem nessa, Ana.

Feitiço sem Nome

Mediano, um conto com um enredo até bastante normal. Não tenho muito o que falar sobre ele.

A Dama de Shalott

Um dos maiores e mais bem elaborados contos do livro. Conta a história de Liliane, uma menina que não conhecia o mundo e vivia enclausurada, tecendo bordados com as imagens que via pelo espelho de seu quarto – uma vez que olhar diretamente para Camelot lhe traria uma maldição terrível.

O conto é fluido e ritmado, e seus parágrafos – praticamente de mesmo tamanho e com uma terminação rimada – mostram que, além de saber contar uma boa história, Ana Cristina também sabe construir uma narrativa que mistura de tudo um pouco e, entre o tudo e o pouco, colocar uma pitada de magia e uma colher generosa de competência.

Como nos tornamos Fogo?

Outro que não fui muito com a cara. Não sei, acho que narrativa não me atraiu muito, ou a minha compreensão pode não ter sido assim tão completa. Aqui o erotismo e a união entre duas naturezas diferentes não funciona tão bem como em “Chiaroscuro”.

Pelo espaço de um momento

Uma história gostosa de ler, ao mesmo tempo real e fantástica, com um quê de nostalgia impresso no tom da história. O retrato do menino me fez lembrar Dorian Gray.

Borboleta

Uma forma bastante interessante de exorcizar demônios e tristezas. Para aqueles que desejam fazer isso, esse conto é interessantíssimo. Já eu, apesar de não fazer origamis, tenho meus demônios em forma de papel. Estão todos nos meus cadernos, longe da minha cabeça e dos meus pensamentos.

Viagem à Terra das Ilusões Perdidas

Divertido e leve de se ler, um enredo bastante inusitado e uma história mais inusitada ainda. Não há idade para ir à Terra das Ilusões Perdidas.

O Baile de Máscaras

Máscaras são coisas que me chamam a atenção, sempre. Escrever sobre elas não é fácil, visto todas as implicações filosóficas sobre seu uso. Mas esse conto ficou incrível. O final foi eficaz e surpreendente.

Lenda do deserto

A ilustração é essencial para a complementação do conto, e consegue satisfazer perfeitamente a intenção. E a história é boa, mas figura na lista de medianos.

O mapa para a Terra das Fadas

É nesse conto que Ana Cristina se doa mais – ou assim nos parece fazer. O fato de ser uma história real só aumenta a impressão de verdade e sinceridade que a autora imprime em seus contos. Na história, Ana e seu filho, Miguel, tentam guiar a alma de um coelhinho morto para a Terra das Fadas, onde será bem cuidado pelos seres mágicos.

Emocionante e belo, o conto figura na minha lista de preferidos.

O eremita

Um conto singelo que trata sobre as convicções de um homem elevadas às últimas consequências. Trata de esperança, pois mostra que um homem pode mudar o pensamento de outros homens de uma forma positiva. E também de desesperança, por mostrar que os homens de poder dificilmente perdem a majestade – sobretudo para um eremita.

Apocalipse NOW!

Uma forma um tanto quanto inusitada de se assistir ao fim do mundo, sentado confortavelmente no sofá da sala enquanto o locutor anuncia a chegada das bestas do apocalipse. Mas, pensando bem, acho que é o que muita gente vai fazer – e muitas emissoras também, na luta final pela audiência.

Conto Bônus: O Sábio de Osgoroth

A anta aqui precisou ler o conto duas vezes pra poder pegar a sacada dele. Mas, depois que entendi (duh!) achei incrível a forma como se desenvolve. E o final é muito, mas muito interessante.

***

A impressão que se tem, ao terminar de ler Anacrônicas, é a de que você visitou um milhão de mundos distintos em apenas algumas agradáveis horas de leituras. E que valeu a pena sentar durante algum tempo e deixar se perder pelas reentrâncias de um livro tão pequeno, mas ainda assim tão complexo e completo. A Ana está de parabéns.

E que venham outros!

terça-feira, 23 de março de 2010

Annabel & Sarah - Jim Anotsu


Quando ouvi o nome de Jim Anotsu pela primeira vez, logo pensei: ‘ora, então a editora Draco, dando os primeiros passos no mercado editorial brasileiro, já resolveu apostar em traduções de autores internacionais?’ Feita uma rápida pesquisa, logo descobri que Jim Anotsu, apesar de viver sob as pontes de Londres (correção: pontes de Seattle, como o Jim disse no comentário. Confundi criador e criaturas :P) e cuidar de seu cachorro Humbug, é o pseudônimo de um autor nacional.

Logo fiquei com os dois pés atrás, me perguntando qual era a finalidade de um pseudônimo como aquele: confundir os leitores, fazendo-os pensar que o livro é uma tradução e, com isso, tentar uma jogada de marketing para vender mais exemplares? Ter medo de mostrar o próprio nome, preferindo, ao invés disso, usar um pseudônimo que soasse melhor do que um sobrenome brasileiro comum? Talvez isso, a princípio, tenha me deixado um pouco receoso quanto ao livro em si.

Puro preconceito.

Após o lançamento oficial do livro, descobri que ele estava sendo muito bem recebido pelos leitores, com ótimas resenhas e críticas. Estava pronto para adquirir um exemplar, mas, para a minha surpresa e satisfação – e antes que eu enfiasse as mãos nos meus bolsos furados – fui premiado com um exemplar no sorteio da comunidade do Orkut “Escritores de Fantasia & FC”. Via de regra, devo fazer uma resenha para compensar o ganho do exemplar.

Tudo bem, eu a faria de qualquer forma mesmo.

O livro “Annabel & Sarah” (Editora Draco, 156 páginas) narra a história de duas irmãs gêmeas, mas muito diferentes. Annabel é uma rock’n’roll girl, com cabelos tingidos de preto, All Star sujo e uma personalidade extremamente sarcástica e irônica; Sarah é a menina que todo o pai pediu a Deus: calma, cálida, bela, extremamente educada e correta. Filhas de pais separados – Sarah morando com a mãe e Annabel com o pai – as duas são surpreendidas quando Sarah é seqüestrada por uma televisão e vai parar em um universo paralelo onde todos devem ser sempre felizes. Agora Annabel precisa unir forças a um lobo detetive e partir em busca da flor Amor-Perfeito, única coisa capaz de salvar Sarah.

A sinopse é, por si só, eletrizante. E o livro faz jus à sinopse: carregado de cenas de ação, ele te leva para os mais absurdos – e criativos – lugares. Sarah, em um mundo onde todos devem ser felizes (o que me lembra, a propósito, um episódio excelente do desenho “Os Padrinhos Mágicos”), comendo tortas de morango que aumentam o ânimo e tendo que lidar com fiscais que denunciam qualquer um que ouse derramar uma lágrima ou apresentar qualquer sinal de tristeza; Annabel, em contrapartida, para em um universo beat e noir, onde animais falam e humanos são mero rebanho para a alimentação. Lá, ela se une ao lobo Op Spade, detetive arisco e mal-encarado que aceita ajudar Annabel por intermédio de uma raposa chamada Dean Chinaski.

Não poderia deixar de comentar sobre as referências do livro: Chinaski, rua Kerouac, Spade, rua Bukowski, nomes de capítulos como “Corra, Sarah! Corra!”, citações a bandas, filmes e séries de TV... tudo casa extremamente bem com a atmosfera do livro. Em momento nenhum as referências parecem forçadas; muito ao contrário! Conseguimos, a partir dessas referências – que devemos pescar ao longo do livro, uma vez que nenhuma delas é completamente explícita – descobrir alguns dos gostos do autor (se do Jim ou do autor por trás do Jim nunca saberei dizer) e suas influências, que não são poucas.

Mas como nem tudo são amores-perfeitos e não se pode ser eternamente feliz, consegui captar algumas falhas ao longo de “Annabel & Sarah”: a principal talvez seja a pouca profundidade das personagens, de um modo geral. Mesmo que os artifícios do interlúdio tenham sido extremamente inteligentes para mostrar um pouco do relacionamento das duas irmãs, senti que outros personagens com histórias muito boas – como Op Spade, Ava Hepburn e Estrela-da-Manhã – poderiam ter as suas histórias um pouco mais aprofundadas. Op Spade me pareceu tão-somente um lobo rabugento e Estrela-da-Manhã uma menina birrenta.

Senti também que rolou um pequeno anticlímax na hora fatídica em que Sarah é sugada pela TV: tudo acontece muito rápida e repentinamente. Se o texto fosse em primeira pessoa, acharia esse artifício interessante, mas, por ser em terceira, acho que o narrador poderia se demorar um pouco mais antes que ela fosse tragada para o mundo de Allegria.

Outra pequena falha se deve à revisão: apesar de poucos, alguns erros – principalmente os de concordância – se tornam chatos com o passar das páginas. Mas não sou o melhor do mundo com gramática, portanto não posso reclamar muito quanto a isso.

No fim, temos a sensação de termos mergulhado em dois mundos completamente diferentes e divertidos, apesar de seus perigos. “Annabel & Sarah” é um romance delicioso, uma completa surpresa por se tratar de um autor nacional e tão jovem com tamanho tato para a fantasia e originalidade para a história.

No mais, coloque o CD “Favourite Worst Nighmare” do Arctic Monkeys para tocar e delicie-se com esse livro belíssimo e sensacional (eu não sei o motivo, mas sempre que vejo essa capa, a música “Teddy Picker” começa a tocar na minha mente. Acho que tenho que me tratar).

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Vampiro da Mata Atlântica - Martha Argel

Martha Argel é bióloga com doutorado em ecologia das aves, e escreve, entre outras coisas, sobre vampiros. Meu primeiro contato com a autora foi daqueles por acaso, na prateleira de literatura brasileira – onde geralmente vislumbro os livros mas nunca os compro, com medo de me decepcionar. Li, entre Nelsons Magrinis e Andrés Viancos, um livro fino e de capa preta chamado “Relações de Sangue”. Isso foi em 2007, muito antes de vampiros voltarem a ser tema de mesas redondas. O livro me chamou a atenção: dei uma folheada, li o primeiro capítulo, achei-o simpático, mas – medo bobo de sovina – não o comprei.

Então o tempo passou e li que Martha Argel publicaria outro livro, dessa vez intitulado “O Vampiro da Mata Atlântica”. A divulgação foi feita na comunidade “Escritores de Fantasia”, onde – regra vigente nº 1 – quem divulga o livro deve colocar um para sorteio, e – regra vigente nº 2 – quem o ganhasse deveria fazer uma resenha. Pois é, ganhei o livro, e cá estou, resenhando-o.

O livro “O Vampiro da Mata Atlântica” (Idea Editora, 176 págs) é simpático em todos os seus aspectos estéticos. Desde a orelha brilhantemente escrita por Silvio Alexandre, passando pela capa chamativa e com um interessante efeito de movimento, até os seus apêndices sobre a Mata Atlântica e suas particularidades. A diagramação do livro é fantástica e cuidadosa, com pouquíssimos erros. Ponto para a Idea Editora.

Mas vamos ao livro em si. A história gira em torno de dois jovens pesquisadores, Xavier Damasceno e Júlio Levereaux (nome belíssimo, por sinal). Quando Levereaux recebe uma proposta para pesquisar e estudar uma área da Mata Atlântica com potencial para se tornar uma reserva ambiental, não pensa duas vezes antes de chamar o amigo Xavier Damasceno. Juntos, os dois partem em uma expedição que visa encontrar animais ameaçados de extinção.

Já no prólogo, o livro mostra a que veio. Ele é eletrizante. Começa com velocidade, prendendo a atenção do leitor e gerando a curiosidade necessária para que ele vire a próxima página.

Um dos pontos positivos do livro foi optar por um vampiro selvagem, longe dos moldes cavalheirescos de Stoker, Rice e Cia. Aqui, o vampiro é um animal da selva – sem, contudo, ser necessariamente selvagem –, sedento por sangue. Os trechos dos capítulos narrados pela ótica do Vampiro são ótimos, pois mostram que ele, apesar de toda a sede e necessidade de sangue, não é uma criatura desenfreada e irracional. Ao contrário, o texto o mostra como um ser pensante e digno de nota pelos pensamentos que tem. Dentre tantos vampiros educados e bonzinhos, o Da Mata Atlântica se destaca por seu egoísmo e necessidades eminentes acima de qualquer outra coisa.

Partindo para os dois personagens principais: a escolha de dois é significativa. Pelo ritmo do livro, percebe-se que, se mais alguém estivesse ali no meio, talvez a história se tornasse enfadonha. Dois, nessa situação, foi mais do que satisfatório. Aqui, o romance entre homem e mulher foi deixado de lado, dando lugar à amizade entre os personagens centrais – sem, contudo, parecer uma coisa homoerótica ao estilo ‘Lestat e Louis’.

A humanização dos dois é muito bem construída: eles passam longe de serem personagens superficiais ou mesmo sem graça. Ao contrário, mostram sempre com sinceridades seus pontos de vista, que passam pela inicial desconfiança de Xavier acerca dos propósitos de Levereaux até o medo dos dois pelo Vampiro – que não chega a se configurar em pânico, mas mais em dúvida e assombro para a nova situação com uma criatura até então fantasiosa.

O conhecimento de Martha Argel acerca de ambiente, fauna e flora é inegável. Ela mesma o relata no prefácio, falando sobre suas experiências pessoais e da forma como elas influenciaram algumas das passagens do livro. As descrições das matas, grutas e animais é nada mais que perfeita, dando credibilidade para o texto ao mesmo tempo em que nos faz emergir na história. No entanto, senti que esse conhecimento, às vezes, pode ser prejudicial. É claro que não afeta completamente a leitura, mas o excesso de termos técnicos e nomes que, para a biologia, podem parecer corriqueiros, em certas horas se tornam cansativos para os leigos e não-simpatizantes das ciências biológicas.

Outro ponto bem interessante – e do qual vou falar rápido, pra não soltar nenhum spoiler – é o final. A ideia usada foi muito bem feita e utilizada. Mas paro por aqui, ok?

“Ele corria pelo mato rindo como um alucinado. O sangue quente fluía vigoroso por seu corpo, e ele se sentia eufórico, quase como se estivesse bêbado. Suas mãos apertavam contra o peito o produto de seu saque.

Tinha se alimentado. Tinha se divertido. Tinha conseguido roupas novas.

Há muito tempo não se sentia tão bem.

E a farra estava apenas começando. Aqueles dois ainda iam penar muito nas mãos dele, nas longas horas de escuridão que ainda havia pela frente.”

O Vampiro da Mata Atlântica, Martha Argel – Pág. 93

O livro não cativa só por seu cuidado editorial. Ele é, sem sombra de dúvidas, uma das grandes estreias da literatura fantástica do ano. Martha Argel sabe o que está fazendo quando escreve, e é capaz de passar essa segurança ao leitor, que – tenho certeza – devorará o livro da mesma forma que o Vampiro da Mata Atlântica suga o sangue de suas vítimas: deliciosa e desenfreadamente.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Brisingr - Christopher Paolini

Chegando no final de 2008 nas livrarias brasileiras, o terceiro livro da série, “Brisingr”, vem em um trambolho de mais de 700 páginas em uma edição surpreendentemente bem-acabada da Rocco, com poucos erros em uma tradução aparentemente veloz (o livro chegou praticamente ao mesmo tempo nas livrarias norte-americanas).

Como muitos, acompanho a trilogia (que não é mais trilogia, diga-se de passagem) desde “Eragon”. Não é uma má série; a história tem, sim, muitos aspectos de “Senhor dos Anéis” e “Guerra nas Estrelas”, mas ainda assim tem seus méritos e funciona.

Em um mundo composto por humanos, elfos, dragões, anões e outras criaturas de universos fantásticos, “Brisingr” é o terceiro livro da saga “A Herança”. O nome do livro se refere à uma palavra da Língua Antiga que significa “fogo”. Foi esta a primeira palavra da Língua que Eragon aprendeu.

Pra quem nunca leu os livros e não conhece o enredo, aí vai uma brevíssima sinopse da parte essencial da história: Eragon, um camponês de quinze anos, é surpreendido ao encontrar, durante uma caçada, uma misteriosa pedra azul, que posteriormente se revela um ovo de dragão. O jovem camponês conhece, através de Brom (um contador de histórias do vilarejo) as histórias dos antigos Cavaleiros de Dragão, extintos há muito tempo pelo rei tirano Galbatorix. Com o nascimento do dragão de Eragon, o garoto passa a ser o único Cavaleiro em toda a Alagaësia.

Ao descobrir sobre Eragon e seu dragão (uma fêmea chamada Saphira), Galbatorix vê nisso uma ameaça ao Império. Com isso, Eragon, perseguido pelos vassalos do imperador, é obrigado a fugir, e parte, junto com Brom, até o abrigo dos Varden, um grupo formado por rebeldes ao Império.

No terceiro livro da série, Eragon, em aliança com os Varden, continua ao lado dos rebeldes contra o Império do rei tirano. Recheado de inúmeras batalhas, ossos expostos e sangue aos baldes, o livro é uma boa distração. No entanto, mais de 700 páginas são realmente desnecessárias.

O livro, no começo, não funciona. É extremamente cansativo e enfadonho (e há momentos em que a vontade de largá-lo só não falou mais alto por minha curiosidade de saber como tudo acabava). O autor gasta tempo demais com detalhes supérfluos do livro (fica quase um parágrafo inteiro pra descrever o nascer do sol, como a luz bate nas pedras e etc), e, nos momentos empolgantes, não gasta muito tempo para nos deixar apreensivos. Um dos momentos mais esperados desse terceiro livro não chega a durar duas páginas. Você chega a se perguntar: “É assim? Acabou?”.

Mas ele não é de todo ruim. Há cenas que empolgam (principalmente as lutas constantes e praticamente intermináveis de Roran – primo de Eragon – enquanto o Cavaleiro de Dragão está ausente), bem como acontecimentos importantes para o último livro. O que eu senti, ao ler Brisingr, foi que ele serviu apenas de ponte para o próximo (e espero que último) livro da série.

Outra boa tacada do autor, nesse livro, foi o de escrever capítulos sob o ponto de vista do dragão Saphira (coisa que não aconteceu nos dois volumes anteriores). Ele tenta passar sensações diferentes do ponto de vista dos humanos, com sentidos e imagens mais importantes do que descrições propriamente ditas. Uma boa jogada, que funcionou muito bem em determinadas horas.

Paolini tem uma escrita muito boa (apesar de, como já disse, ter achado “Brisingr” um pouco descritivo demais) e, com o decorrer do livro, torna as coisas até interessantes. O final chega a ser empolgante, comparado ao resto do mesmo. Mas, ainda assim, esse livro se mostrou ser o mais fraco dos três já escritos, funcionando nada mais nada menos para colocar uma meia dúzia de acontecimentos e lucrar alguns milhares a mais.

Com alguns méritos e muitos deméritos, “Brisingr” realmente poderia ser menor e terminar de uma vez por toda com a saga do menino camponês que encontra um ovo de dragão. Mas como as coisas nunca são do jeito que queremos, o máximo que se pode fazer é esperar e torcer para que o último volume finalize a série de uma forma interessante.