sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Apresento-vos 'O Baronato de Shoah', de José Roberto Vieira


Olá, pessoal! Eu sei que esse blog tem se dedicado exclusivamente à postagem de resenhas, mas abro aqui um espacinho especial para divulgar um trabalho do qual acompanhei - de longe - a criação. Falo do romance 'O Baronato de Shoah', do amigo José Roberto Vieira. O romance é o primeiro a ter uma postura assumidamente steampunk e traz consigo cenários que misturam mitologia, tecnologia à base de vapor e inspiração em RPG's e videogames. Estou bastante curioso para saber como ficou o resultado desse trabalho.

Segue o release oficial do livro:



O Baronato de Shoah
A Canção do Silêncio

por José Roberto Vieira


O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio é o romance de estreia de José Roberto Vieira, uma emocionante aventura épica em um mundo fantástico e sombrio. Passado, presente e futuro se encontram com a cultura pop numa mistura de referências a animações, quadrinhos, RPG e videogames. Considerado o primeiro romance nacional pensado na estética steampunk, o mundo de O Baronato de Shoah une seres mitológicos como medusas e titãs a grandes inventos tecnológicos.

Desde o nascimento os Bnei Shoah são treinados para fazerem parte da Kabalah, a elite do exército do Quinto Império. Sacerdotes, Profetas, Guerreiros, Amaldiçoados, eles não conhecem outros caminhos, apenas a implacável luta pela manutenção da ordem estabelecida.
Depois de dois anos servindo o exército, Sehn Hadjakkis finalmente tem a chance de voltar para casa e cumprir uma promessa feita na infância: casar-se com seu primeiro e verdadeiro amor, Maya Hawthorn.

Entretanto, a revelação de um poderoso e surpreendente vilão põe Sehn perante um dilema: cumprir a promessa à amada ou rumar a um trágico confronto, sabendo que isso poderá destruir não só o que jurou amar e proteger, mas aquilo que aprendeu como a verdade até então.


Dados Técnicos:

Título: O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio
Autor: José Roberto Vieira
Gênero: Literatura fantástica - romance
Formato: 14cm x 21cm
Páginas: 264 em preto e branco, papel pólen bold 90g
Capa: Cartão 250g, laminação fosca, com orelhas de 6cm
Preço de capa: R$ 46,90


Sobre o autor:

José Roberto Vieira nasceu em 1982, na capital de São Paulo. Formado em Letras pela Universidade Mackenzie, atuou como pesquisador pelo SBPC e CNPQ, atualmente é redator e revisor. Teve contos publicados na coletânea Anno Domini – Manuscritos Medievais (2008) e Pacto de Monstros (2009). Blog: www.baronatodeshoah.blogspot.com

Sobre a editora:


Draco. Do latim, dragão.



A Editora Draco trabalha para fortalecer e patrocinar o imaginário brasileiro, tão nosso e único. Queremos publicar autores brasileiros, aliando design, ilustrações e tudo o que for possível para que nossos leitores sejam atraídos pela beleza das histórias e personagens que nossos livros trazem.

Com isso, esperamos que nossos leitores tenham acesso ao nosso maior tesouro: a literatura fantástica brasileira.

Assessoria de Imprensa: A/C Erick Santos e Karlo Gabriel – editoradraco@gmail.com 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Condenado - Bernard Cornwell


Feliz 2011, meus queridos leitores e amigos do peito. Passei um bom tempo afastado por pura preguiça e falta de tempo para colocar as ideias em ordem e fazer uma resenha coesa, mas estou de volta, dessa vez com um dos autores mais cultuados pelos amantes de romances históricos cheios de guerras, sangue, sexo e lutas por poder: Bernard Cornwell, autor de sagas grandiosas como ‘As Crônicas Saxônicas’ e ‘As Aventuras de Sharpe’.

Dono de um texto limpo e de um estilo que o firma como uma das referências no que diz respeito ao romance histórico, Bernard Cornwell se distancia um pouco de espadas, flechas e castelos em seu romance ‘O Condenado’. Ambientado em uma Inglaterra cinzenta do século XIX, a trama gira em torno do personagem Rider Sandman, um amante de críquete e antigo capitão do exército, que é convocado para investigar as circunstâncias do assassinato de uma condessa por um pintor efeminado. Ele precisa descobrir se o homem (ou ‘a fada’, forma como o suposto assassino é retratado por boa parte dos personagens) realmente estuprou a condessa e depois a matou.

Esse foi o primeiro livro de Bernard Cornwell que li, mas já sabia que ele era uma exceção: eu não veria batalhas épicas nem sangue espirrando páginas afora, mas sim uma trama policial bem amarrada – quem sabe até mesmo requintada – que se ambientava em um cenário diferente do medievalismo de boa parte dos romances do autor britânico. Esse foi um dos fatores que me empolgou a ler o livro: logo de primeira, iria dar de cara com uma faceta pouco conhecida de Cornwell e leria um de seus livros mais diferentes. Não me pareceu um mau negócio.

O começo do livro é empolgante, não há como negar isso. A primeira sequência, que descreve minuciosamente o processo de enforcamento de um personagem que não possui importância nenhuma a trama, é um prólogo apropriadíssimo: sentimos o cheiro pútrido dos porões, nos afligimos pelas súplicas de uma mulher que jura ser inocente e nos enraivecemos pela atitude de descaso e até mesmo divertimento da plebe, que mesmo tendo tão pouco consegue tripudiar de quem tem ainda menos. Tudo muito bonitinho, certinho e amarradinho. Mas então o livro começa.

Não é um livro difícil de ler. Cornwell tem uma escrita leve e fluida, com pouco uso de adjetivos e poucas descrições. Conseguimos nos transportar para a Inglaterra do século XIX sem nos preocupar muito com o cenário, mas sim com a história. Já falei em outro post que gosto quando a história é maior do que a História, então não irei me demorar muito nesse ponto. Vamos a Rider Sandman.

Capitão aposentado depois da Batalha de Waterloo, a construção de Sandman pareceu a mim a joia rara da Inglaterra, o homem bom, justo, incorruptível e sincero, o bonzinho da novela das seis que está lá para defender os fracos e oprimidos para ter como retribuição apenas o sorriso amarelado e a satisfação de ter feito o que é certo. Muito preto no branco, na minha humilde opinião. Sandman destoa de um cenário cheio de escalas de cinza e de personagens que poderiam ter tudo para ser cínicos e fazer escolhas que poderiam beneficiá-los. Ele é bom por ser bom, indefectível porque acredita na justiça. Mesmo com a justificativa dada no livro – o pai dele era um devedor e Sandman não queria continuar com aquela imagem estigmatizada – acho que o personagem poderia ser um pouco mais... humano.

Já em contraponto, temos Sally Hood (o sobrenome não é coincidência. Ela É irmã de Robin Hood – sim, no século XIX), uma garota que se vira como pode para ganhar o seu dinheiro da forma que acha mais digna – como, por exemplo, posar nua para servir de modelo de peitos para os pintores das condessas – e que é, para mim, a diversão de todo o livro. Boca suja, cheia de opiniões particulares e algumas vezes hilárias, ela também cai naquele estereótipo de ‘mulher que não está nem aí pra sociedade inglesa conservadora’, mas consegue se sair melhor do que Sandman. Ponto positivo.

A trama em si não traz muita empolgação: os personagens secundários – suspeitos do assassinato da condessa – são construídos de forma bastante rápida e insípida. Não consegui sentir simpatia por nenhum deles e achei a justificativa do assassino, ao final da história, a saída mais simples e fácil de ser executada. Quando enfim descobri o que aconteceu, simplesmente virei a página e continuei lendo, sem me emocionar nem um bocadinho.

[OK, SE VOCÊ NÃO QUER OUVIR SPOILERS, PULE PARA O FIM DO TEXTO]

O fim do livro é de prender o fôlego. Falo do finzinho mesmo, daquela parte em que já descobrimos quem é o assassino, mas Sandman ainda tem que correr para libertar o pintor-fada e acusar apropriadamente quem deve ser enforcado no lugar dele. É aquele clima de ‘vambora, Sandman! Cooooorre’ que me empolgou bastante. Ele está a um zilhão de quilômetros de distância e não dá conta de chegar com o cavalo a tempo. O texto vai e volta entre a corrida de Sandman e o pintor sendo executado. O cadafalso abre e o pintor começa a se enforcar, pouco a pouco perdendo a vida.

Parece que NÃO VAI dar tempo, que o livro vai acabar com o cara errado sendo enforcado – não seria um mau final –, mas eis que uma das cenas mais diarreia mental que eu já vi na minha vida tem início: o ROBIN HOOD aparece para salvar o dia. Vem entre a plebe correndo enquanto Sandman tenta abrir caminho para entregar a confissão de uma testemunha ao juiz, e simplesmente corta a corda que prende o pescoço do pintor e salva o dia.

Ok, eu já aturei a liberdade poética de usar o Robin Hood no século XIX, mas agora querer que eu aceite esse Deus ex machina cagado? É abusar demais da inteligência do leitor, tio Cornwell!

[/PRONTO, JÁ ROLOU O DESABAFO, PODEM LER A PARTIR DAQUI]

O que fica de ‘O Condenado’ é um gostinho de que o livro poderia ter sido mais bem executado. Os personagens poderiam ter sido mais bem explorados e cativar um pouco mais o leitor, sobretudo os secundários. Alguma motivação poderia ser dada para Sandman [MAIS UM SPOILERZINHO] pô, o cara recusa um suborno de sei lá quantas mil libras que podem acabar com todos os problemas dele a troco da justiça às últimas consequências [/ACABOU O SPOILERZINHO] e a trama podia ter um final um pouco mais inteligente.

É isso aí, espero que tenham gostado. Até a próxima. E comentem :)